
Para onde eu fujo...?
Coloquei a palavra FUTURO no google imagens. A primeira imagem que apareceu:
Para onde eu fujo...?
Para onde eu fujo...?
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Para onde eu fujo...?
O objetivo é muito simples, muito claro, muito prático: A Filha deve entrar no ringue contra O-Cansaço-Da-Farra-Da-Noite-Anterior - travado na reabertura de boate - acordar cedo com o despertador martelando seu cérebro, praticar auto-mutilação jogando água gelada no rosto, levar A Irmã no aeroporto junto com A Agregada a fim de ter algém em quem despeje sua verborragia durante a longa volta para casa, e retornar cedo super disposta a trabalhar! Perfeito! Casa - Aeroporto - Casa = trabalho super produtivo.
No meio da caminho, A Irmã - se afogando de paixão pelo Cara, objetivo único e exclusivo da ida a São Paulo - liga para A Mãe a fim de se despedir. A Mãe - eternamente sofrendo de saudades da Filha e da Irmã - se convida para acompanhá-las até o aeroporto. A Filha, A Irmã e A Agregada passam para pegar A Mãe. Pronto! Primerio desvio. Casa - Mãe - Aeroporto - Casa = trabalho produtivo.
No caminho, A Irmã inteja no ar comprimido do carro, seu cada vez mais crescente nervosismo - provocado apenas pelo pensamento de reencontrar O Cara - tornando o ar comprimido do carro, cada vez mais denso. Alívio geral ao chegar no aeroporto. Beijinhos, tchauzinhos, desejos de boas viajenzinhas... A Irmã sai saltitante em direção a porta com sensor para captar calor e assim abrir-se automaticamente, e A Mãe entra no carro faminta. A Filha tem que voltar para casa pra trabalhar. A Mãe usa a já batida chantagem você-nunca-da-atenção-para-a-sua-mãe. Pronto! Segundo desvio. Casa - Mãe - Aeroporto - Café - Casa = trabalho
Salvador Shopping também está com fome e vai encher a barriga com o dinheiro que A Filha não tem. Mas ele só tem direito a uma entrada, porque A Filha tem tudo sobre controle: entra, come e volta para casa pra trabalhar. A Filha estaciona. Sobem a escada rolante. O friozinho gostoso do ar condicionado vai penetrando na pele, a luz suave do ambiente começa a confortar os olhos, as cores das lojas se esticam para abraçar a alma, o cheiro de novo invade violentamente as narinas e as roupas das vitrines machucam os ouvidos implorando por socorro!!! A Filha rapidamente reune toda a força do corpo para manter a cabeça contemplando o chão impecavelmente limpo. As roupas agarram-se ao vidro desesperadas, choram rios por misericórdia, exalam infelicidade por viverem penduradas e trancadas em apertados cubículos, necessitam do calor do corpo humano para sobreviver... Pronto! Terceiro desvio! Casa - Mãe - Aeroporto - Café - Loja - Casa = e o trabalho?
Depois da entrada - três cafés, um salgado e um bolo - Salvador Shopping ganha o proto principal com o dinheiro que a filha continua não tendo. Depois de muita discussão, indecisão e esforço para salvar apenas uma sandália e duas blusas - uma da Filha e outra da Mãe, A Agregada é vacinada contra chantagem emocional de seres irracionais - conseguem resgatar o auto controle e saem correndo da grande barriga roncadora, não sem antes contemplarem mais algumas prisioneiras. A Mãe, que mora ao lado do Shopping eternamente faminto, recebe telefonema e precisa voltar para casa correndo. A velha tática não falha: você-vai-deixar-sua-mãe-voltar-para-casa-andando? Pronto! Quarto desvio! Casa - Mãe - Aeroporto - Café - Loja - Mãe - Casa = trabalho? Que trabalho?